Publicações

Santa Casa quer reduzir a espera

Notícia publicada em 10 de agosto de 2015

Notícia publicada em 02/08/2015

Jornal “O Diário de Mogi”

Danilo Sans

 

A Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes espera ampliar o número de atendimentos mensais e eliminar a fila de espera pela cirurgia de catarata até o final deste ano, segundo adiantou à reportagem de O Diário o secretário municipal de Saúde, Marcello Delascio Cusatis. Atualmente, 240 pessoas aguardam a realização do procedimento no hospital.

A Santa Casa de ar-administrativo da Santa Casa, Hélio Girotto Franqui, o hospital tem capacidade financeira de realizar 42 cirurgias de catarata por mês, quantidade que não atende toda a demanda. “Estamos negociando com a Secretaria Municipal de Saúde uma forma de diminuir a fila”, ressalta. Para cada procedimento realizado, o hospital recebe cerca de R$ 600 do Sistema Único de Saúde (SUS), repassados via Prefeitura.

A fila de espera leva em conta o estágio da doença, então pacientes com quadros menos graves chegam a esperar até 90 dias pelo procedimento cirúrgico. “São critérios clínicos que definem a ordem do atendimento”, pontua.

Segundo Cusatis, a intenção é conseguir aumentar de 42 para 60 a capacidade mensal de atendimento. “Como a catarata está ligada principalmente ao envelhecimento da população, a tendência é que esse tipo de atendimento seja cada vez mais necessário”, destaca. Em menor escala, em jovens a doença geralmente é ocasionada por traumatismos, diabetes, uso de medicamentos, até má alimentação e exposição excessiva ao sol.

Cusatis afirma que a Pasta está estudando formas de bancar o aumento no número de cirurgias. “Estamos analisando os recursos do Município ou do Governo Federal. Estamos vendo a conta para fazermos uma série de novos incrementos nos serviços da Santa Casa. Muito provavelmente, nós incluiremos novas cirurgias de catarata por um período de 12 meses”, detalha.

O secretário afirma que o tempo entre consulta e cirurgia varia de 60 a 90 dias. Em maio, a Secretaria Municipal de Saúde realizou um mutirão para reduzir a fila pela consulta oftalmológica na Cidade. “Fizemos mil consultas a mais, então, obviamente, diagnosticamos mais casos de catarata”, avalia.

A gestão da Santa Casa passou a ser compartilhada com a Prefeitura de Mogi das Cruzes em 2010, após uma grave crise na maternidade e no berçário da entidade, que já presta serviço na Cidade há 142 anos.

Atualmente, a Santa Casa conta com 181 leitos e 650 funcionários, dos quais 150 médicos em corpo clínico. As principais áreas de atendimento do hospital são: neurologia/neurocirurgia de alta complexidade; ortopedia/traumatologia de média e alta complexidade; obstetrícia, referência regional para gestantes de alto risco; oftalmologia, referência regional ambulatorial e de cirurgias; e pronto socorro, que sozinho realiza uma média de 11 mil atendimentos mensais.

Médico considera cirurgia como eficiente e rápida

A catarata é a maior causa de cegueira do Brasil. Entretanto, a cirurgia, que não costuma durar mais do que 15 minutos, pode devolver a visão ao paciente. Por outro lado, a demora pela busca do tratamento pode levar ao desenvolvimento de um tipo de glaucoma e acarretar na cegueira irreversível, conforme alerta o oftalmologista da Santa Casa de Mogi das Cruzes, Ricardo Boucault, responsável pelo setor de Córnea e de Catarata do Centro Boucault de Oftalmologia.

O sintoma da catarata é a baixa qualidade de visão. Isso acontece porque o cristalino, uma lente que fica dentro do olho, se torna opaca. “Alguns pacientes apresentam essa piora somente para objetos que distante, podendo até a ter uma melhora na visão de perto. Por isso, o ideal é procurar um médico oftalmologista anualmente ou quando surgirem esses sintomas”, ressalta o especialista. De modo geral, o indivíduo com catarata vai perdendo a visão progressivamente.

A doença afeta geralmente os idosos, por conta do envelhecimento do cristalino, mas também é encontrada em pacientes diabéticos, após traumas oculares, inflamações congênitas (neste caso, a criança já nasce com a doença), ou mesmo em pacientes que fazem uso de alguns colírios e medicações orais.

De início, o tratamento da catarata pode ser feito com um ajuste no grau dos óculos, mas, em alguns casos, a cirurgia deve ser realizada. “Não existe nenhum tratamento com óculos especiais ou colírio para a catarata”, alerta o oftalmologista.

A cirurgia é rápida, leva entre 10 e 15 minutos, conforme destaca o especialista. “Apesar disso, ela tem seus riscos e alguns cuidados no pós-operatório que, se não seguidos corretamente, podem levar ao prejuízo da visão”, completa.

Após a cirurgia, o paciente deve ter um período de repouso, cuidados de higiene local e uso de alguns colírios prescritos pelo médico. “Já no primeiro dia, já é possível sentir uma melhora da visão. Depois de um mês, um novo exame vai mostrar se o paciente vai precisar de óculos novos”, pontua o médico.

É importante destacar que a cirurgia não pode –e nem deve – ser feita nos dois olhos de uma vez. Para operar a segunda visão, é imprescindível esperar os 30 dias para a recuperação da primeira operação.

Doença diminui a qualidade de vida

Com dificuldade até para sair de casa, a aposentada Maria Aparecida da Silva, de 60 anos, moradora do Jardim Caiubi, em Itaquaquecebuba, espera que a cirurgia de catarata lhe devolva a liberdade e a segurança necessárias para a retomada da rotina.

Maria conta que buscou o primeiro atendimento na rede básica de saúde de Itaquaquecetuba, no final do ano passado, quando a vista direita já estava bastante comprometida. Ela foi encaminhada ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Mogi das Cruzes, onde foi avaliada por um oftalmologista e, de lá, conduzida ao Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), referência estadual no procedimento.

“Fiz todos os exames, fui lá diversas vezes, mas, agora que estou na última etapa, não consigo agendar a cirurgia. O hospital disse que era para eu ficar ligando. Eu ligo, mas nunca marcam”, reclama.

O problema é que a vista esquerda também começou a apresentar o problema. “Eu já não enxergava nada da direta. Agora não consigo nem sair de casa mais, porque pela vista esquerda eu só enxergo neblina”, completa.

Segundo a aposentada, o hospital alegou que os casos de urgência e emergência estavam sendo atendidos prioritariamente. “Será que eles pensam que meu caso não é urgente? Eu fico sozinha em casa com meu menino, que é especial, e até já perdi uma consulta dele com o psiquiatra porque nem andar mais eu estou podendo”, ressalta a aposentada.

Em nota, o Hospital São Paulo afirma que Maria Aparecida “está no processo habitual de cuidados”. A entidade diz que a paciente passou em primeira consulta no Ambulatório de Oftalmologia no último dia 26 de maio. “Em 15 de junho realizou exames laboratoriais e, em 19 de junho, fez avaliação pré-anestésica”, destaca.

Ainda de acordo com o hospital, o tempo de espera para a cirurgia de catarata na unidade é de aproximadamente três meses, desde o primeiro atendimento até o agendamento cirúrgico, compreendendo as seguintes etapas: triagem, consulta, exames laboratoriais, avaliação pré-anestésica e cirurgia.

http://odiariodemogi.inf.br/cidades/cidades/30721-santa-casa-quer-reduzir-a-espera.html